domingo, 5 de abril de 2009

O Direito ao Foda-se

Sei que ando um tanto sumida daqui, o tempo e o estresse não tem me permitido ter boas idéias para escrever...Mas a vida é uma caixinhas de surpresas, e numa bela manhã de sol, como foi hoje, eis que surge uma ótima oportunidade para colocar aqui um texto que muito me inspirou no terceiro ano.
Hoje, devido algumas circunstâncias nada agradáveis pensei e falei muitos palavrões(muitos, muitos mesmos) e isso me lembrou um texto que minha amiga colocou no jornalzinho clandestino que fizemos para criticar a escola durante o nosso ultimo ano, o Escolástima. O texto se chama "Direito ao Foda-se" e hoje consegui recuperar esse texto no Blog do Homenzinho de Barba Mal Feita
Confesso que, pelo que me lembro, era um pouco diferente e se eu conseguir recuperar o texto no Escolástima posto ele aqui novamente. Então é isso leiam e curtam, e se não gostarem FODA-SE!!!

O DIREITO AO FODA-SE
O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional quantidade de"foda-se!" que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas Me liberta. "Não quer sair comigo? Não? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!".
Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia?
Prá caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que"Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas Prá caralho, o Sol é quente Prá caralho, o universo é antigo Pra caralho, eu gosto de cerveja Pra caralho, entende?
No gênero do "Prá caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!" O "Não, não e não!"é tampouco nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, absolutamente não!" o substituem. O "Nem fodendo!" é irretorquível, e liquida o assunto. Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro prá ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo "Danielzinho, presta atençao, filho querido, NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.
Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um "é PHD porra nenhuma!" ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!". O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provêm sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha. São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", "chepone", "repone" e mais recentemente o "prepone" - presidente de porra nenhuma.
Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta que pariu!", ou seu correlato "Pu-ta-que-o-pa-riu!!!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba. Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.
E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cú!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cú!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cú!".Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoe a camisa e saia na rua, vento batendo na face, olhar firme, Cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.
Seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!".
O direito ao ''foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal.Liberdade, Igualdade, Fraternidade e F O D A - S E.

3 comentários:

Variavelmente disse...

Ah! Eu tenho aquele jornalzinho ainda.. depois me lembra que eu te mostro o texto e a gente vê aqui se é igual.

É, direito ao foda-se é importante, eu uso, mas também abuso algumas vezes... sabe como sou estourada. E aí é sempre bom lembrar:

"Que tudo se foda-
disse ela.
E se fodeu toda."

(leminski)

Lua Ugalde disse...

Verdade né?!?!

Mari disse...

Nosso primeiro jornal! Era tão mais simples que agora....